Estou entrando em alguns foruns abertos a mulheres que tiveram câncer de mama. Pedem depoimentos e informações. Talvez seja esse o caminho que eu estava procurando para poder entrar em contato com outras pessoas que passaram pelo que eu passei, pois meu blog ainda é desconhecido, e eu não sei como divulgá-lo. Quando estive em terapia (recebi alta há tempos!), minha terapeuta comentou que gostaria, um dia, de abrir um grupo de ajuda e nesse dia ela gostaria de me chamar para fazer parte porque ela pensava que eu tinha como contribuir. Ela dizia que eu vivenciava o processo de forma intensa e, muitas vezes, de forma bastante peculiar. Foi isso o que me motivou para criar esse blog, mas nunca consegui me obrigar a falar só sobre isso.
Tenho uma certa consciência de que esse blog não tem muita personalidade. Escrevo textos em nome das minhas cachorrinhas falando de coisas que acontecem por aqui, em textos ligeiramente cômicos, falo de família, de artesanato e de saúde. E tenho, sim, consciência de que às vezes é difícil compreender a que veio essa coisa. Se eu fosse avaliar esse blog, nos meus tempos de professora de linguística, eu diria exatamente isso - esse blog é diversificado demais, falta uma personalidade consistente. Mas acho que ele reflete mais ou menos o que eu sou. Não sei se eu tenho uma personalidade consistente, não sei se é possível definir em poucas palavras quem sou eu. Só sei de uma coisa: eu nunca, mas nunca mesmo estou onde me colocam. Ás vezes isso é bom, não é possível me rotular e eu não quero ser rotulada, mesmo, pois é mais fácil controlar uma pessoa com um rótulo. Outras vezes é solitário, porque é tão difícil me alcançar, quando a pessoa vê, eu já estou em outro lugar, então tem que ficar esperto, para saber onde estou. Na maioria das vezes é difícil para todo mundo, mas se eu fosse o que as pessoas à minha volta gostariam que eu fosse, à essa altura não estaria aqui. Ninguém me entendeu, mas já disse por aí que a minha sobrevivência dependia do fato de eu não ser como as outras pessoas e de existir quase que completamente em outro registro, ou em outro universo.
Além do mais, eu não sou só uma paciente com câncer de mama. E essa é uma das minhas reclamações com relação a forma como as pessoas me vêem. Tenho câncer de mama, então se eu tenho dor de cabeça, sempre tem aquela pessoa apavorada porque, quem sabe se o câncer não foi parar no cérebro (e já disse prá eles que o meu cérebro é cheio demais, não cabe um tumor) Se eu estou sem fome, imaginam alguma coisa no estômago, se como demais, imaginam se o câncer está me obrigando a comer demais, e se tenho um cisto de pele, então, a casa cai! Antes disso, era a deficiência. Eu não podia ficar triste, porque, é claro, ela não anda. Não podia perder um namorado, que, é claro, o cara deu o fora porque é difícil namorar uma defiente (a própria palavra "deficiente" já diz, falta alguma coisa, quem sabe se não falta sexo?). Uma vez até me perguntaram, na sala de espera do ginecologista (onde fui fazer uma consulta de rotina, como toda mulher), o que eu estava fazendo lá (mulher deficiente não tem órgãos genitais?) E quando engravidei, e perdi o bebê, devido a uma endometriose grave que eu tinha, é claro, "ela perdeu o bebê porque, com a deficiência, nem deveria ter engravidado mesmo". Mas o pior mesmo é aquela famosa afirmação: "ela é deficiente, MAS é inteligente..."?
Com a maturidade, as coisas mudaram muito, até porque a minha própria atitude mudou, o que determina a mudança de comportamento dos outros. Mas agora é com o câncer, tudo gira em volta dele. Não deveria ser preciso afirmar o óbvio - tenho câncer, mas continuo sendo uma mulher.... mas tem um monte de gente que se esquece disso. Portanto, meu blog fala de câncer de mama, que é, agora, uma parte importante da minha vida e que me transformou muito como pessoa. Mas também quero falar de outras coisas... minhas cachorrinhas, meu trabalho de artesanato que tanto amo, minha família maluca (que é maluca, mas é a família que eu tenho, e mesmo que eu não divida com eles exatamente os mesmo valores e o mesmo jeito de ser, é a família que eu aprendi a amar).
De qualquer forma, o câncer de mama é um tópico importante, aqui, e eu estou me colocando à disposição de qualquer pessoa que queira me contactar para conversar sobre isso e trocar figurinhas (ou sobre qualquer outra coisa, clarao). Passei por dificuldades imensas, muita coisa que deveria ter dado certo, deu errado, mas ainda estou aqui e muito bem, obrigada. Contornei por aqui, por lá, fui comendo pelas beiradas, às vezes com cautela, mas às vezes também com uma muita agressividade, porque a luta às vezes é feroz. Errei muitas vezes, e ainda erro, mas a cada tombo dá prá aprender alguma coisa e dividir esse aprendizado tem sido importante prá mim. Portanto, me sigam, quem sabe temos boas figurinhas prá trocar!!!
Tenho uma certa consciência de que esse blog não tem muita personalidade. Escrevo textos em nome das minhas cachorrinhas falando de coisas que acontecem por aqui, em textos ligeiramente cômicos, falo de família, de artesanato e de saúde. E tenho, sim, consciência de que às vezes é difícil compreender a que veio essa coisa. Se eu fosse avaliar esse blog, nos meus tempos de professora de linguística, eu diria exatamente isso - esse blog é diversificado demais, falta uma personalidade consistente. Mas acho que ele reflete mais ou menos o que eu sou. Não sei se eu tenho uma personalidade consistente, não sei se é possível definir em poucas palavras quem sou eu. Só sei de uma coisa: eu nunca, mas nunca mesmo estou onde me colocam. Ás vezes isso é bom, não é possível me rotular e eu não quero ser rotulada, mesmo, pois é mais fácil controlar uma pessoa com um rótulo. Outras vezes é solitário, porque é tão difícil me alcançar, quando a pessoa vê, eu já estou em outro lugar, então tem que ficar esperto, para saber onde estou. Na maioria das vezes é difícil para todo mundo, mas se eu fosse o que as pessoas à minha volta gostariam que eu fosse, à essa altura não estaria aqui. Ninguém me entendeu, mas já disse por aí que a minha sobrevivência dependia do fato de eu não ser como as outras pessoas e de existir quase que completamente em outro registro, ou em outro universo.
Além do mais, eu não sou só uma paciente com câncer de mama. E essa é uma das minhas reclamações com relação a forma como as pessoas me vêem. Tenho câncer de mama, então se eu tenho dor de cabeça, sempre tem aquela pessoa apavorada porque, quem sabe se o câncer não foi parar no cérebro (e já disse prá eles que o meu cérebro é cheio demais, não cabe um tumor) Se eu estou sem fome, imaginam alguma coisa no estômago, se como demais, imaginam se o câncer está me obrigando a comer demais, e se tenho um cisto de pele, então, a casa cai! Antes disso, era a deficiência. Eu não podia ficar triste, porque, é claro, ela não anda. Não podia perder um namorado, que, é claro, o cara deu o fora porque é difícil namorar uma defiente (a própria palavra "deficiente" já diz, falta alguma coisa, quem sabe se não falta sexo?). Uma vez até me perguntaram, na sala de espera do ginecologista (onde fui fazer uma consulta de rotina, como toda mulher), o que eu estava fazendo lá (mulher deficiente não tem órgãos genitais?) E quando engravidei, e perdi o bebê, devido a uma endometriose grave que eu tinha, é claro, "ela perdeu o bebê porque, com a deficiência, nem deveria ter engravidado mesmo". Mas o pior mesmo é aquela famosa afirmação: "ela é deficiente, MAS é inteligente..."?
Com a maturidade, as coisas mudaram muito, até porque a minha própria atitude mudou, o que determina a mudança de comportamento dos outros. Mas agora é com o câncer, tudo gira em volta dele. Não deveria ser preciso afirmar o óbvio - tenho câncer, mas continuo sendo uma mulher.... mas tem um monte de gente que se esquece disso. Portanto, meu blog fala de câncer de mama, que é, agora, uma parte importante da minha vida e que me transformou muito como pessoa. Mas também quero falar de outras coisas... minhas cachorrinhas, meu trabalho de artesanato que tanto amo, minha família maluca (que é maluca, mas é a família que eu tenho, e mesmo que eu não divida com eles exatamente os mesmo valores e o mesmo jeito de ser, é a família que eu aprendi a amar).
De qualquer forma, o câncer de mama é um tópico importante, aqui, e eu estou me colocando à disposição de qualquer pessoa que queira me contactar para conversar sobre isso e trocar figurinhas (ou sobre qualquer outra coisa, clarao). Passei por dificuldades imensas, muita coisa que deveria ter dado certo, deu errado, mas ainda estou aqui e muito bem, obrigada. Contornei por aqui, por lá, fui comendo pelas beiradas, às vezes com cautela, mas às vezes também com uma muita agressividade, porque a luta às vezes é feroz. Errei muitas vezes, e ainda erro, mas a cada tombo dá prá aprender alguma coisa e dividir esse aprendizado tem sido importante prá mim. Portanto, me sigam, quem sabe temos boas figurinhas prá trocar!!!